Pedro Hernandez
Morning Call - 25/04/2022
Sexta: O dólar avançou, na maior alta em cerca de dois anos, com a visão do mercado de uma postura mais dovish do Banco Central, em contraste com a fala hawkish do presidente do Fed, Jerome Powell, durante o feriado no Brasil. A moeda bateu máxima acima de R$ 4,83 mais para o final da tarde, o que levou o BC a intervir com a venda de US$ 571 milhões no mercado à vista, trazendo a cotação para R$ 4,79. Os dirigentes do BC estavam em Washington para a reunião do FMI, onde participaram de encontros com investidores. As apresentações divulgadas repetiram a comunicação do comunicado e ata do último Copom, considerados dovish. Os juros futuros curtos recuaram, enquanto os demais subiram com o dólar, e a curva reduziu a precificação de alta da Selic em junho. O Ibovespa despencou 3% com o peso de commodities e bancos, na esteira das baixas em NY, no pior desempenho semanal em seis meses.
Hoje: Bolsas externas caem e commodities despencam com os receios de ampliação dos lockdowns para conter a covid na China se somando à alta da inflação e dos juros globais. Busca por ativos seguros pressiona o dólar e derruba os yields dos treasuries. Petróleo volta a cair abaixo de US$ 100, mas alívio inflacionário pode ser anulado pelo dólar, que teve a maior alta diária em mais de dois anos na sexta com a visão de que o Banco Central voltou a adotar postura mais dovish, aliada à volatilidade externa. Saldo do câmbio levou o BC a fazer leilão à vista e mercado deve monitorar disposição para eventuais novas atuações. A pouco mais de uma semana do Copom, IPC-S sobe 1,47%. Semana ainda terá IPCA-15, com estimativa de forte aceleração para mais de 12% a/a, além da Focus amanhã. Após tensão institucional com decisão de Jair Bolsonaro sobre Daniel Silveira, jornais destacam embate entre Luis Barroso, do STF, e Ministério da Defesa, enquanto ministro da Justiça diz que reajuste de 5% para servidor não está decidido.
Bom dia e boa semana