Pedro Hernandez
Morning Call - 19/08/2021
Ontem: O estresse com riscos fiscais e políticos no cenário brasileiro foi ampliado pela visão dos investidores de que o Fed sinalizou em sua ata uma decisão sobre redução dos estímulos ainda este ano. A partir daí, marcas de stop loss foram batidas, o dólar acelerou alta para acima de R$ 5,38, os juros médios e longos dispararam - alguns em quase 30 pontos - e a bolsa desistiu da tentativa de recuperação, para fechar em queda de 1,1%, abaixo dos 117.000 pontos. O Banco Central manteve-se ausente do mercado de câmbio, ainda que o nível do dólar tenha superado muito o da última atuação da autoridade, em torno de R$ 5,31. O adiamento da votação da reforma do IR, decidido na véspera pela falta de consenso, foi mais um ingrediente na cesta de más notícias em torno da questão fiscal, enquanto a percepção dos investidores sobre a política se deteriora com o conflito entre Bolsonaro e o STF. Ao final da tarde, Eurasia rebaixou a trajetória de longo prazo do Brasil para negativa e citou que risco fiscal e inflação minam perspectivas de crescimento. As bolsas americanas cairam.
Hoje: Mercados globais estendem a liquidação de ativos de risco. Repressão da China ao setor de tecnologia e ressurgência da covid acentuam o nervosismo. Bolsas, petróleo e minério de ferro caem e índice dólar sobe ao maior nível desde novembro. Selloff global chega em péssima hora para o mercado brasileiro, que vive seu estresse particular diante do agravamento dos riscos político e fiscal, realçados pelos seguidos adiamentos da reforma do imposto de renda e atritos do presidente com o STF. Eurasia diz que tensões institucionais devem prosseguir. Agenda do dia é pesada. Tesouro tem desafio de ofertar prefixados com a curva pressionada, Roberto Campos Neto faz palestra e diretores do BC fazem reunião com economistas. No corporativo, promotores pedem arresto de R$ 50,7 bi da Vale e BHP. Condições do mercado levam Vittia a suspender IPO.
Bom dia