Pedro Hernandez
Morning Call - 05/08/2019
A onda de aversão ao risco com a escalada provocada por Trump na guerra comercial com a China levou o dólar ontem para bem perto de R$ 3,90, enquanto as bolsas americanas caíam, os rendimentos das treasuries recuavam e as moedas consideradas como mais seguras - como franco suiço e iene - foram mais demandadas. O Ibovespa oscilou entre alta e baixa durante a maior parte do pregão, mas o avanço da Petrobras após lucro recorde no segundo trimestre conseguiu deixar a bolsa no campo positivo no fechamento (+0,54% aos 102.673 pontos). Os juros futuros tiveram uma reação mais contida e concentrada na barriga da curva, depois dos ajustes pós-Copom. O dólar subiu por 5 dias seguidos completa a terceira alta semanal seguida.
No exterior, as bolsas americanas tiveram a pior semana do ano com o impacto do aumento de tarifas a produtos chineses pelos EUA. O conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, confirmou o plano de novas tarifas e China prevê retaliação caso o aumento seja efetivado. O petróleo subiu, mas encerrou a semana em queda com a escalada da guerra comercial.
A semana começa com a China contra-atacando a decisão recente de Trump de elevar tarifas enfraquecendo o yuan, que ultrapassou o nível chave de 7 por dólar, e interrompendo importações agrícolas. BC chinês promete manter a moeda estável, mas desvalorização gera forte aversão ao risco e mercado espera agora resposta dos EUA. Moedas e ações emergentes têm perdas expressivas, enquanto S&P futuro, bolsas europeias e commodities caem. Busca por proteção valoriza franco suíco, iene e ouro, enquanto yields das treasuries e títulos europeus despencam. Protestos afetando economia em Hong Kong e nova apreensão de petroleiro pelo Irã também reforçam incertezas externas. Retaliação chinesa deve manter pressão que fez dólar subir quase 3% na última semana, apesar da perspectiva de avanço da reforma da Previdência, que deve ser votada em 2º turno na Câmara esta semana. Em dia de agenda esvaziada, BC divulga pesquisa Focus na véspera da ata do Copom, que detalhará os motivos de o Copom ter cortado a Selic em 0,5 pp. Abertura da semana ainda terá PMI serviços aqui e nos EUA e balanços.
